segunda-feira, 30 de março de 2015

Pausa para a poesia - Apaga a alma com calma

Que desassossego te causaria eu dizer que errei?
Aconteceu assim em todas as guerras que inventei
Aconteceu assim em todos os afectos que magoei.
Na verdade, eu nem nunca tentei…           
Desculpa se não te impressionei.
Conheces aquela dor mesquinha?
A que provocaste e eu não sabia que tinha?
Que perturbação te causaria eu dizer que te odiei?
Tu, que arrasaste todas as partes do coração que te dei.
Tu, que dilaceraste os sonhos que eu sonhei.
Conheces aquela dor emocional de existir?
Aquela que quase me fez desistir...
Calma. Apaga a alma com calma.
Que inquietação te causaria eu dizer que alcancei?
Que desordem te causaria eu dizer que amanhã já não estarei?
Na verdade, eu nem nunca me esgotei.
Desculpa… se não te esperei.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Pausa para a crónica - O teu final feliz

Pediram-me para escrever sobre o amor, não um amor qualquer, um daqueles felizes para sempre. Respondi que não sabia. E não sei. Não sei falar de coisas que não vivi e também não as vou inventar. Os amores felizes para sempre ficam na imaginação de quem como eu não os sentiu ou na realidade de quem os vive. E a esses parabéns!
Talvez algumas pessoas tenham o seu final feliz materializado noutra coisa qualquer que não se “resuma” a ter uma pessoa ao lado. No início da estrada isso vai parecer estranho e injusto, muitas vezes o caminho vai ser mais duro, porque na realidade não haverá em quem te apoiares, dessa maneira que querias. Mas depois percebes, um dia percebes a razão das coisas serem assim contigo. É para esses que eu escrevo. Para mim também.
Sem vergonhas ou problemas de admitir que falhei, falho quando escolho errado e falho quando escolho certo. Toda a minha vida foi uma sucessão de erros e muitos deles motivados por mim própria. E então? Valeu a pena, vale tudo a pena quando somos sinceros, quando vamos inteiros para as coisas, quando damos o melhor de nós ou tentamos dar. Independentemente do que dá sempre errado, a vida dos que falham é muito mais rica em emoção. É para esses que eu escrevo. Para mim também.
O meu final feliz está em mim. Dentro de ti existe muito mais do tu que imaginas, está um mundo inteiro á espera que lhe ensines como ressurgir a cada pancada que levas, e vais levar muitas. Cada vez que te enganas ou iludes, sofres, mas também aprendes. Aprendes que na tua vida vão passar muitas pessoas egoístas. Vais descobrir por ti que não tens limites para cair, mas também não tens limites para te levantar e levantas-te todas as vezes que forem necessárias.
O teu final feliz está em ti. Na aprendizagem de que viver é mais do que existir, viver é muito mais que seguir padrões, cumprir regras e ser uma pessoa normal. Nós não somos pessoas normais. Somos guerreiros de uma guerra que não escolhemos. É para esses que eu escrevo. Para mim também.
O final feliz és tu que o fazes e isso só pode acontecer quando há amor em ti. Quando pões de ti, dás de ti sem esperar nada em troca. Quando praticas o “que se lixe, vou tentar”, vezes sem conta até acertares. Uma pessoa feliz é uma pessoa que não se esgota. É uma pessoa que supera todos os obstáculos, que brinca com as dificuldades. Uma pessoa feliz é uma pessoa que aceita a derrota e segue em frente. Muitas vezes uma pessoa feliz é o mais singelo dos seres, e então? Uma pessoa feliz és tu e sou eu e todos os outros que acreditam como se tivessem sempre 15 anos. 
Finais felizes vêm de dentro. É para esses que eu escrevo. Para mim também.