terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pausa para a Crónica - Diversidade Religiosa

Esclareço antes de mais que o que escrevo nesta e em outras crónicas do género é apenas uma opinião que não têm o objectivo de ofender ninguém e baseia-se apenas no conhecimento que eu tenho e continuo a procurar ter em relação ao tema. Não estou a escrever numa perspectiva hostil (como muitas vezes escrevo) mas sim numa outra vertente de mim: atenta e preocupada.

A questão da diversidade religiosa é um assunto de extrema importância nos nossos dias. A maior parte dos conflitos mundiais actuais ou não, têm ou tiveram, algum fundo religioso, a par das questões geopolíticas e económicas que infelizmente muito interferem na questão.

Já de alguns anos a esta parte que não é possível ignorar que o mundo tem problemas graves por resolver. Seriam muitos os exemplos que infelizmente teria aqui para escrever se recordasse todos os “ataques” motivados pelo radicalismo religioso, mas obviamente que o caso do Charlie Hebdo está totalmente presente na minha mente. 

Eu não tenho respostas ou soluções. Tenho apenas dúvidas…Que Deus ou Deuses são estes? Que crença é esta que obriga, mata, restringe, ridiculariza? Que prisões são estas que o mundo insiste em entrar? Que insolência é essa a de supor que a “minha” religião possa desvalorizar o que quer que seja? Que estupidez é essa de sair por aí aos tiros e aos bombardeamentos só porque eu penso diferente de ti e a minha fé não é a mesma que a tua?

Que deuses protectores e bons são estes? Seja qual for a religião existem “leis” estranhas para mim e a mim (volto a frisar) levantam-me muitas dúvidas.

A religião perde todo o sentido e razão de existir quando não respeita minimamente os princípios para os quais foi criada. A religião não é afinal um culto que deve aproximar o humano de uma entidade que o faça sentir bem e em paz consigo e com o seu semelhante? Acho que se anda a fazer tudo ao contrário e o problema certamente não está só na Religião Islâmica. Crer nisso é um acto de ignorância e arrogância.

Por exemplo, o Cristianismo, que condena o uso de métodos contraceptivos. Há 2,4 milhões de mortes por ano, só na África Subsariana, devido ao HIV. Não contrariar esta tendência ou incentivar para que ela aconteça não será também um acto de terrorismo? Uma família a viver de rendimentos mínimos com 3 ou 4 filhos precisa mesmo de mais uns quantos? Ou quem sabe, deixar de fazer sexo possa melhorar significativamente a vida do casal? Tem lógica?

O Judaísmo e o seu Messias que permite deixar Árabes Palestinos ou Palestinianos apriscados na Faixa de Gaza, porque ser egoísta e não ter capacidade de partilha é que é bonito? Não estou dizer que os Judeus têm ou não razão de reivindicar Israel e a zona da Palestina, isso não interessa para o caso. Mas a religião não devia promover a partilha e o entendimento? Ou é a fazer muros que as coisas vão para a frente?

O Hinduísmo, os seus Deuses e uma sociedade que desrespeita todos os Direitos Humanos (falo especificamente da Índia) acreditando que determinada pessoa nasce na casta mais baixa ou inexistente, porque merece? E se não se portar bem (se não servir os outros) ainda vai reencarnar em coisa pior na próxima vida. Estes Deuses são justos?

O Islamismo e os seus extremismos, que tudo indica, devem defender Alá até às últimas consequências e quem sabe morrer e matar por ele. Estamos bem é a morrer? Estão bem é a explodir crianças e pessoas que nada têm a ver com as vossas loucuras? Que deus é esse? Não defendo radicalismos. Qualquer fanático religioso, capaz de atrocidades contra a vida humana é na minha opinião, um louco. Mas é importante não esquecer que existem radicalismos e muita estupidez em todas as religiões e políticas.

Continuaríamos assim a achar muitas incoerências em todas as religiões do mundo e continuaremos a seguir doutrinas que os homens (e não os deuses) nos impõem.

Nenhuma entidade supostamente protectora da nossa existência pode permitir que ultrajes e atentados à vida sejam uma obrigação. É inconcebível para mim que esses Deuses permitam ou incentivem a matança e a humilhação. Cada um é livre de acreditar no que quiser, ok! Desde que não perturbe a liberdade individual de ninguém.

A culpa não é dos Deuses, nunca foi. A culpa é dos humanos, das cabeças doentias que tratam os povos como se fossem donos de alguma coisa, de pessoas que não fazem a mínima ideia de que é viver em comunhão com uma entidade e com a diferença. Os fundamentalistas de qualquer religião estão a falhar porque criticam todas as religiões, menos a sua. Enquanto não se olhar com lógica para os próprios erros não vamos resolver nenhum conflito, não vamos ter respeito, não vamos parar de sacrificar pessoas, não vão parar de morrer inocentes.

Não autorizem que vos castrem a possibilidade e liberdade de pensar e de fazer as coisas certas: falando, discutindo, procurando a paz, respeitando as diferenças, zelando pela própria vida e pela do próximo, seja ele quem for. Independentemente da cor, país, política ou religião. Não autorizem que vos imponham verdades, procurem-nas!







domingo, 18 de janeiro de 2015

Pausa para a crónica - Será que ainda há tempo para voltar?

O caminho é perpétuamente igual e a paisagem é a mesma de sempre. Sou eu que vou diferente, vou exausta. A mesmice das sensações e da vida estraga-me a alma e o canto que tinha sonhos. Ela devasta.

Os cabelos agora tingidos de branco abrem-me a porta das preocupações. Queria ser mais, cuidar mais, estar mais e abraçar tanto e tudo.

Apesar de úteis os meus caminhos estão errados. Apesar de aparentemente fortes as minhas escolhas fracassaram. Começo a perceber isso quando deixo tudo e vou à procura do nada. Um nada frutuoso e confortável que nunca deixará de ser tão pouco.

O meu bem-estar de nada serve quando vejo na minha frente o tempo esvair-se nas mãos que em breve já não vão ter onde (se) agarrar.


A luta de nada serve se não tenho por quem lutar! Será que ainda há tempo para voltar?