quinta-feira, 11 de julho de 2013

Pausa para a entrevista - Asas Cortadas - M.P


A M.P nasceu numa pequena aldeia do norte, neste momento tenta levar a vida o melhor que pode em Lisboa, têm 25 anos e muitos sonhos. Licenciada em História, faz parte do grupo de privilegiados, de hoje em dia, que consegue trabalhar no País que temos. Corajosa e leal aos seus princípios  recebeu-me em sua casa, onde tivemos esta agradável conversa.


Sobre ela:


Eu não te conheço, ao ver-te em condições normais, o que é que eu pensaria?
Pensarias que eu sou uma rapariga mais ou menos simpática, mas daquelas que não dá muita confiança.

Define-te em três palavras.
Sincera, preguiçosa e apaixonada…

Qual foi a pior coisa que disseram sobre ti?
O problema é que tu nem sempre sabes o que dizem de ti,mas já me disseram que eu tinha a mania.

É mais fácil gostar de ti ou não gostar?
Acho que é mais provável não gostar, não sou propriamente fácil, só me dou quando me sinto à vontade e gosto das pessoas. Não sou daquelas pessoas populares que toda a gente gosta.

És uma mulher tendencialmente mais triste ou mais alegre?
Tem momentos, há dias em que estou bem e outros em que se calhar estou um bocadinho mais em baixo.

Quem não gosta de ti não gosta porquê?
Acho que ás vezes tenho um ar um bocadinho arrogante, ou por acharem que eu tenho a mania em alguma coisa, ou não gostam simplesmente porque não gostam, ás vezes nós não gostamos das pessoas e nem sabemos bem porque.

O que é que mais te irrita nas pessoas?
Tanta coisa! Irrita-me as pessoas que dizem que fazem e acontecem, e depois não fazem nada. Irrita-me as pessoas que se estão sempre a queixar. Irrita-me as pessoas que se acham superiores, só porque têm um curso, ou porque têm mais recursos financeiros.

Darias tudo para falar com…
Barack Obama

Nós somos o que fazemos?
Maioritariamente sim.

Que frase é o teu lema de vida?
Não tenho propriamente uma frase, gosto muito de "enquanto há vida, há esperança". Mas também daquelas que falam sobre aproveitar a vida.


Sobre as dificuldades da vida:


Quais são os teus medos?
Tenho medo de perder as pessoas que amo, esse é o maior. Tenho medo de perder o meu emprego, porque colocaria a minha vida num caos, e nada é certo neste momento.

Qual foi o momento mais difícil da tua vida?
Foi um período muito conturbado, que começou na morte do meu avô, continuou numa depressão e terminou com a morte do meu primo. Foi uma fase em que me sentia mal de estar assim e também de ver os outros mal pelo facto de eu estar assim. E depois não sabes bem porquê.

Como é que se sai de uma depressão?
Acho que depende essencialmente de ti, encontrar o problema e ter força de vontade para te agarrares a alguma coisa. Hoje quando olho para aquilo, não valia a pena ser tanto assim, mas acabas por te deixar ir, parece que te conforta e na realidade destrói-te.

Um dia de cada vez?
Sim cada vez mais… só se pode planear a próxima semana e acaba aí.

Tens consciência de estar a adiar os teus planos?
Vou adiando, não posso fazer tudo o que quero, no momento, vou fazendo algumas coisas.

Já pensas-te em sair do país?
Já, se me fizesses essa pergunta à dois anos atrás, diria que não, mas hoje em dia, já. A minha última viagem a Londres, acho que me ia dar bem lá.

Fazes muitas contas mensais?
Até agora não…

Não sabemos tudo o que nos esta a acontecer?
Eu acho que não, e nem estamos preparados para o que pode vir. Andamos aqui acomodados.. mas também não sei se teríamos grandes soluções.

Profissionalmente, sentes-te realizada?
Não totalmente, já fui mais. Mas é difícil, estar a mudar neste momento.

A tua vida já foi mais poética ou ainda está para ser?
Acredito que ainda esteja para ser, mas já foi mais do que é agora, quando eu era criança, talvez.

O que se pode fazer para melhorar a vida dos portugueses?
Acho que se devia dar mais valor ao que é nosso, e devíamos também mudar a mentalidade. A crise não é só económica, também é de mentalidades e valores.

Sentes que de alguma forma o teu país te corta as asas?
Encolhe-me as asas, não me deixa voar totalmente, não consigo fazer tudo o que quero, porque tudo é caro, com o aumento de impostos, não dá para fazer tudo, nem ter tudo. Até pelo facto de morar numa cidade grande, é impeditivo, tudo é mais caro. Tenho umas asas mais contidas.

O que é feito dos navegadores por mares nunca antes navegados?
Morreram todos!.. não sei, mas os navegadores que ainda existem, já não estão em Portugal.

Mudavas alguma coisa na tua vida ?
Mudava a minha conta bancária! .. não , acho que não mudava nada. Não sou totalmente aquilo que à dez anos atrás imaginei, mas acho que arranjei umas boas soluções.


Sobre o amor, o sonho e a vida..


Não há amor como o primeiro?
Há..  Eu acho que nós podemos ter vários amores ao longo da vida, todos eles marcantes, dependendo das fases da vida.

O que pensas da descartabilidade das relações humanas actuais?
Custa-me ver isso, relativamente à traição é preocupante, porque não consegues confiar em ninguém. Não faz sentido, se não estas bem, não estás com a pessoa. O melhor é mudar. Em relação à fuga de compromisso actual tenho que tentar compreender, mas não concordo totalmente, as pessoas acham que a relação os limita, mas depende como tu a encaras.

As recentes gerações mataram o Amor?
Deram uma nova definição ao amor. Espero que não o matem…

O amor pode cegar?
Pode, 99% pode.

Para onde as tuas asas voariam se pudessem? ( lugar)
Hawai

“Sonhar sem aspas, amar sem interrogação, viver e ponto final? É assim?
Maioritariamente acho que sim.


Para terminar



Qual a música que define a tua vida actual?


levanta-me o ego...

Qual foi a última vez que choras-te?
Não sei, mas foi à muito pouco tempo.

Há alguém que te conheça como só tu te conheces?
Não ,há pessoas que me conhecem muito bem, mas ninguém como eu.

Pediste desculpa a todas as pessoas que querias?
Sim, acho que não faço assim nada muito grave.

Como é que se fintam as saudades irreversíveis?
Acho que não se fintam, elas continuam sempre. Vamos aprendendo a lidar com elas.

O que é que essa pessoa DE QUEM TEM SAUDADES te ensinou?
Ensinou-me a não olhar para os outros de lado, quando se tem uma diferença, ensinou-me a testar a palavra deficiente, embora ainda me continue a assustar, ensinou-me a ser mãe, ajudou-me a amadurecer.

O que é que te move, e não te faz perder a esperança?
Eu tenho uma coisa cá dentro, sempre TIVE, eu acho que vem sempre algo melhor. Quando os meus pais atravessavam fases menos boas, eu achava sempre que o meu pai ainda ia ganhar o totoloto. E mesmo nesta fase de crise, eu acho sempre, que as coisas vão mudar.

As mulheres têm uma força que os homens não têm?
Eu acho que sim, ao nível de suportar a dor, tem mais força de vontade e de vida, nós afundamos mas saímos em melhor estado.

Já deixas-te de fazer algo, por medo de falhar?
Não.. posso não ter feito logo, mas depois acabo por fazer. Desisti de uma coisa porque achei que não tinha perfil, ser jornalista, isso era uma sonho de infância.

Os teus pais sentem-se orgulhos da filha que têm?
Eles escreveram na fita de final de curso que sim, acho que tem alguns motivos para isso, não sou a médica que o meu pai, gostaria que eu fosse, mas acho que sim. Parecem-me babados.

As tuas asas foram feitas para voar?
Eu acho que sim, mas para voos curtos. Não sou uma pessoa extremamente ambiciosa, nem de grandes ideias e primeiro apalpo o terreno.

Um homem também chora quando assim tem de ser ?
Choram… existem alguns é que têm a mania que não.

Quando fores grande, gostavas de ser com quem?
Como uma pessoa, que é minha amiga, e tem uma maneira de ser muito especial. Os valores que ela defende são diferentes dos de hoje em dia, são inovadores, tem um coração grande, está sempre disposta a ajudar, é uma idiota! Tem uma energia contagiante, é uma força da natureza e é um exemplo para mim.

O que é que dizem os teus olhos?
Se os souberes ler, dizem tudo. Dizem aquilo que eu muitas vezes não consigo dizer. São denunciadores…e parecem uma torneira ás vezes.



 Obrigado M.P :)













Pausa para a Poesia - Estúpidas Emoções

Conversas deitadas no chão de madeira
E eu? Bem… eu nem sei de mim
Não sei nada de mim, mas ando inteira
Ingenuidade? Não… tenho na mão algo demasiado autêntico
Demasiado até, para pertencer a esta esfera suja
Onde está ele? Ah…. Sempre foi um idêntico
Deixa-te levar, ele leva-te pela mão
NÃO…aqui ninguém leva ninguém
E tu sempre soubeste cuidar tão bem da tua ilusão
A culpa? No quem é quem, de quem tem a culpa
É na verdade minha, corta-me assim tão feroz
Deita fora essas mágoas, ele sempre esteve ali
Hipóteses distantes, não fazem de ti menos atroz
NÃO…para de magicar esse mundo. Até parece que és alguém.
Em memória da paixão idiota e idiota és, grande sonhador
Parte a loiça toda sim, e depois…volta ao que eras!
Porque a vida às vezes dá-nos o errado, e doí…
E depois… depois traça-nos um caminho mais interior
E depois? Depois eu volto a perder-me nos olhos, nas verdades,
Nas mãos, na alma… nesse lugar nosso ao pé das letras das canções
Volto? Voltarei…
Afinal não quero perder nada, nem mesmo essas estúpidas emoções.

IR <3


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Pausa para a Poesia - Num sonho só, na luta só, na vida só

Ele segue, um rasto gasto, um rasto exausto de esperança 
No seu caminho, segue o farsante solitário 
Cansado do sonho, há muito que sem confiança 
Num sonho só, na luta só, na vida só.

Segue invisível e molhado
Sem graça, de olhos sem dó, sem calor
Vai o homem na estrada, em busca de nada
E deseja mais querença, mais sabor!

Tu sabes, sabes o meu nome
E de mim não sabes mais nada
Não queiras mesmo saber
Alma minha não é para se idolatrada

Não há busca, não haverá nada a buscar
Sem sal, na sociedade doentia, estará estragado..
Doente de tudo e de nada, vergonha encavacada.
Sente-se em breve ameaçado, quebrado.

Ele vai continuar, nem ele sabe porquê andar
E ninguém o vai entender
Vão vê-lo
No seu rumo, se a corrente assim ditar!

Tu sabes, sabes o meu nome
E de mim não sabes mais nada
Não queiras mesmo saber
Alma minha não é para se idolatrada

Num sonho só, na luta só, na vida só.
Num sonho só, na luta só, na vida só.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Pausa para a entrevista – Asas Cortadas – Objectivo


Porque a vida não se resume só a maravilhas, nem a sonhos, nem a prazeres, porque o país atravessa uma fase muito complicada e eu não sou de todo indiferente a isso.
Também sofro na pele as intempéries da economia, embora tenha consciência, que faço parte do grupo de jovens privilegiados, que têm trabalho, pagam as suas contas e ainda podem usufruir de pequenos/médios luxos.
O Asas, é na sua génese um blog de viagens, mas esta minha mente, nunca para! Quero ir mais longe, mais longe do que os aviões nos levam.
E se voássemos até ao país dos sentimentos, das dúvidas, dos medos e dos sonhos de quem nos rodeia?

Sem quaisquer pretensões lucrativas ou profissionais, quero voar ao fundo das almas, compreender de que maneiras as nossas asas foram cortadas com a actual situação económico-social do país e do mundo. Onde ficaram os sonhos? Que futuros imaginam? Que voos podem fazer?
Pensei numa entrevista ao estilo do admirável programada da sic “Alta Definição”, mas depressa percebi que não tenho os meios necessários e provavelmente também não teria pessoas a confiar em mim e no meu “trabalho” para uma maneira tão exposta, com é um vídeo.
Não faz mal, quem não tem cão, caça com gato! Farei a dita, de uma maneira mais arcaica, ou seja escrita e se o entrevistado preferir, de forma anónima.

O que pretendo com isto? Nem eu sei. Talvez apenas partilhar experiências de quem esta no mesmo barco e luta todos os dias, para que ele não se afunde. Perceber a dimensão dos problemas de alguns ou das facilidades de outros, comparar realidades e promover a solidariedade. Sobretudo tentar entrar no coração de alguém e não sair sem lhe deixar uma mensagem de esperança.
Se quiserem pode ser também um protesto, ainda que de forma suave, será uma maneira de deitar cá para fora o grito que alma prende.

Tenho grandes expectativas e acho que vão ser viagens extraordinárias.

Vamos voar pelos lugares de dentro?


São viagens exclusivas…