quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mergulho dentro de nós


O mundo muda com atitudes. Às vezes dá impressão que as pessoas andam um tanto ao quanto perdidas, embora isso aconteça a todos nós e seja absolutamente normal, são pequenas tendências que devemos contrariar dentro de nós.

Segundo aquilo que eu tenho vivido a única forma de conquistares o teu bem-estar, a tua paz, é conseguires um equilíbrio entre a parte física e mental. Quando encontramos uma estabilidade emocional, quando gostamos de nós próprios, quando agimos segundo a nossa consciência, quando tentamos fazer as coisas o melhor possível para nós e para os outros e nos afastamos de eventuais relações tóxicas, nós somos pessoas felizes. Uma pessoa com a balança equilibrada é uma pessoa forte e plenamente capaz de travar todas as batalhas.

Começa por estimular o teu amor-próprio. Não quero com isto dizer que amor-próprio se prenda apenas com questões de ordem física ou exterior, é bem mais que isso. Sentires-te bem na pele que vestes, na personalidade que apresentas ao mundo e isso em muitos casos precisa de ser aperfeiçoado mas não há problema nenhum. Vamos crescendo, aprendendo e ajustando a nossa essência á realidade que queremos viver.

Tenta ser diferente. Ser diferente é a maior massagem que podes dar ao teu ego. Podes procurar inspiração nos outros, mas não deves copia-los. Primeiro porque isso demonstra que tens um a personalidade fraca, segundo porque ninguém gosta de ser perseguido ou usado como ideia. Não há coisa pior do que alguém ganhar vontade de fazer alguma coisa, mudar alguma coisa, vestir alguma coisa, ser alguma coisa apenas porque uma pessoa próxima se lembrou de o fazer. Sê autêntico. A vontade de ser ou fazer algo tem de ser nascer em ti.

Afasta-te de pessoas tóxicas, mesmo aquelas que são boazinhas. Por vezes essas pessoas sugam a nossa energia sem que se apercebam disso. As pessoas têm de dar espaço aos outros, têm de deixar os outros brilhar, têm de saber quando é o momento de não interferir na vida de alguém. Infelizmente, nem toda a gente tem essa capacidade. Afastar essas pessoas é tirar o peso do mundo das tuas costas. Que se lixe o “eu gosto de toda a gente”, não… eu não gosto. Não gosto de oportunistas, sugadores de brilho, influenciadores negativos, falas-barato e chico-espertos.

Sê humilde. Tu não sabes nada, eu também não. Hoje estamos bem, amanhã somos um vazio. Não sejas arrogante em momento nenhum, não aches que és o melhor em alguma coisa, porque isso é sempre relativo. Fala do tempo, do Benfica ou de política… mas não contes a toda a gente quem és. Não te exponhas, não te dês a toda a gente. Existem tantas pessoas que vão interpretar mal as tuas confidências e usa-las mais tarde normalmente para te fazer sentir mal. As pessoas inventam o suficiente sobre a vida dos outros.. não precisas de contar nada. Há imaginações ferteis o suficente para te inventar. Sê discreto.

Faz o teu caminho. Isso é pessoal, especial e único. Ninguém pode dizer-te como viver. Tu és especial e incomparável. Trabalha os teus medos e os teus traços menos bons. Muda porque a mudança faz bem e faz parte. Não te deixes ir na corrente… a vida é só tua. Ama quem prova que merece. Não te queixes das tempestades quando foste tu que deixas-te as janelas abertas.  Faz um compromisso de respeito contigo próprio. Não esperes que amem a tua parte de dentro se só conquistas pessoas com a parte de fora. Dá-te motivos para seres orgulhoso de ti próprio.

Controla as frustrações. Luta pelo que queres mas mantêm a consciência que se não foi hoje… Amanhã será. Dá valor, dá valor ao que tens, ao que consegues ter com o esforço do teu trabalho. Não dá para ter mais? Ok… calma. Nenhuma revolução se faz com flores. Nem tudo será fácil… mas se tu acreditas, tu consegues.

Siga a vida, viver é agora, tudo é caminho… não te deixes ficar, deslumbrar, enganar. Não pares de mergulhar, amar, sonhar.
 
 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A nós, seres com mestria de embelezar a vida

Às vezes tenho saudades de ser eu. Apenas isso. Tirar a capa de menina bem comportada, bem-sucedida e excessivamente equilibrada. Chega de protótipos de vida estável que as pessoas transmitem nas redes sociais e que na maior parte das vezes são uma autêntica fantochada. Não sou um fantoche, sou de carne e osso e sim, faço merda… a toda a hora. 

Parabéns perfeitinhos! Parece que os deuses da criação se enganaram e deixaram o "requinte" apenas em alguns! Não posso fazer um brinde no texto, mas imaginemos que estamos juntos num lugar qualquer… isto é para vocês, seres sem mestria de embelezar a vida.

A nós que continuamos à procura do caminho, a nós que delineamos a estratégia na nossa cabeça mas que inevitavelmente ela nos acaba por sair furada. A todos aqueles que têm a humildade de admitir que falharam, aqueles que sabem pedir desculpa e que sabem acima de tudo desculparem-se a si próprios.

A nós que não desistimos, que sabemos saborear cada pequena conquista da vida, porque elas nunca nos caem do céu. Lutamos e por vezes fracassamos, mas caímos sempre de pé. Nada nos derruba porque nós temos o mais importante, tranquilidade na alma e a força de um furacão.

Aos nossos erros gigantes de quem faz um caminho muitas vezes na escuridão, no vazio, no nada. É fácil ser bom e fazer tudo bem na bonança, difícil é fazer o melhor possível quando se está no caos.

Às nossas imperfeições, aos nossos recomeços, às nossas figuras ridículas que na realidade divertem sempre alguém. Aos nossos corpos por vezes nada Danone mas que não deixam de ser a nossa casa e que devem ser respeitados independentemente da nossas manias e dos conceitos de beleza das pessoas.

À nossa coragem para viver. Tropeçando, errando, acreditando mesmo quando não há mais ninguém que acredite em nada.

À nossa crença, essa que nos faz levantar todos os dias com um sorriso, mesmo quando tememos o futuro, mesmo quando sabemos que o dinheiro muito provavelmente não chegará até ao fim do mês, mesmo quando sabemos que os nossos planos vão ser adiados mais uma vez, mesmo quando sabemos que não temos o trabalho que mais gostaríamos de ter, mesmo quando sabes que não tens trabalho. Sorrimos porque acreditamos que vamos conseguir. E vamos!

À nossa simplicidade, feliz de quem não precisa de muito para ser autênticamente feliz. Sozinhos ou acompanhados, sem bons empregos, sem bons ordenados, sem boas casas, sem carro, sem muito luxo, sem férias nas grandes capitais, de salto alto ou de havaianas. A nós que somos uns guerreiros nas lutas modernas. A nós que ninguém tira a capacidade de imaginar e sonhar um amanhã melhor.

A nós que fazemos impossíveis e movemos o mundo com atitude e não com a aparência. A nós humanos, reais, falíveis e ainda assim radiantes.






sexta-feira, 3 de julho de 2015

Agora

Eles fizeram com que ganhássemos medo
Fizeram com que adiássemos os sonhos
Disseram que não era para ser agora, nunca chegaria a nossa hora
Eles fizeram com que respirássemos a incerteza
Eles obrigaram-nos a viver com pouco, a encontrar um novo caminho
Iludiram-nos com promessas, enganaram a esperança
Fizeram-nos esquecer os outros, caminhar sozinhos na tristeza,
Sem mais demora, esta é a nossa hora…
Eu quero é viver agora!
Chega de asfixiar para encher os bolsos de quem já tem, tu continuas além
Chega de adiar os filhos que não tivemos, a vida que não escolhemos
Chega de existir sem viver e esperar o que já não vem
Chega de esconder a desordem e sobreviver no próprio lamento
Eu quero é viver agora!
Eles obrigaram-nos a viver com pouco, a encontrar um novo caminho
Iludiram-nos com promessas, enganaram a esperança
Fizeram-nos esquecer os outros, caminhar sozinho na tristeza
Sem mais demora, esta é a nossa hora…
Eu quero é viver agora!
Sem deixar a ambição para outra hora
Porque nesta história ninguém quer ficar de fora
Sem mais demora… É AGORA!

Filhos da puta… Eu só queria viver agora!

Complexo de Cinderela

É bizarro o poder que o amor tem em nos completar assim como é estranho sentir o poder de destruição que um desamor pode provocar. Normalmente, eu gosto mais da segunda parte. Falar sobre o desafecto é bastante mais fácil porque eu sou muito mais ágil a expressar desalento do que a expressar contentamento. Mas hoje vai ser diferente.

O amor é a única coisa que nos pode salvar. Não levamos nada da vida para além do amor que damos às pessoas. É por isso que alguns seres partem mas continuam vivos para sempre. Foram precisas tantas quedas, cobardias e dores para entender aquilo que o meu complexo de Cinderela nunca deixou que entendesse. Não há uma forma ideal de amar e ser amado. Ou há amor ou não há. É fácil confundir o amor com dependência, bem-estar, sensação de pertença porém o amor é acima de tudo sinónimo de generosidade.

Essas feridas que vês, fui eu que as fiz quando depositei demasiadas expectativas em sentimentos pequenos. Fui eu que errei. Fui eu que não soube distinguir o que é a verdade daquilo que queremos achar que é verdadeiro. Uma teimosia infantil que me obrigou a procurar príncipes perfeitos como nos filmes mas isso não existe. Na realidade isto não é o país das maravilhas e eu não me chamo Alice. Essas feridas muitas vezes levaram-me a criar verdadeiras capas, sou dura, independente, feliz, dona da minha vida mas sou humana também. Não há motivo para esconder isso.

A grande mudança que aconteceu na minha maneira de ver as coisas é que os contos de fadas que por vezes as pessoas tendem a fazer passar para fora, são verdadeiros filmes de terror. Contudo isso não quer dizer que o amor não exista. O amor acontece… das mais desinteressadas formas, por diferentes pessoas ao longo da vida e é o sentimento mais notável que podemos sentir, dar e receber. Eu não desisti. Continuo a querer ser o melhor possível, continuo a querer dar o melhor de mim. Apenas deixei de cair em todas a balelas que na minha opinião se tentam pôr no lugar do amor. Acabaram-se as princesas e os príncipes, somos feitos de carne e osso mas temos que viver como se fossemos feitos de aço, porque as pessoas por vezes não querem amar… querem tapar buracos.

Deixemos os complexos principescos e vamos viver. Chega de princesas à espera que as salvem. As princesas de hoje não precisam de salvamentos, precisam de ser realmente bem-amadas. Lado a lado, coração com coração, verdade pela verdade. Chega de príncipes no cavalo branco, heróis da história. Nesta vida não há heróis… há apenas aqueles que tentam fazer bem feito. Sem fantasia…


Boa sorte 

Uma análise sincera da carência humana

Come chocolate, vai ao ginásio ou come chocolate e depois vai ao ginásio, compra uns sapatos novos, mas deixa de usar as pessoas para tapar os teus buracos.

Quando escrevo que a sociedade está louca, toda a gente me acha exagerada. Mas pensem bem, não é muito assim? As pessoas não se andam a usar umas às outras o tempo todo?

Nem preciso necessariamente de chegar a falar sobre relacionamentos amorosos, quantas pessoas conhecemos que imediatamente após o início de um relacionamento se desapegam de todas as tábuas que utilizaram com salvação enquanto não havia mais ninguém. Permitam-me que vos diga que não se bastar a si próprio deve ser dar coisas mais tristes.

Quantas pessoas conhecem que precisam de ser sempre o centro das atenções e exigem que os outros as tratem como especiais, vivem com carências gigantescas e vorazes que na maior parte das vezes as tornam insuportáveis, insuportáveis porque insistem em nos consumir a energia.

Olhem à vossa volta e reparem na quantidade de romances que deram errado ou estão inevitavelmente a dar, justamente pela carência de um dos membros, pessoas que vivem numa busca persistente de aprovação, de atenção e de reconhecimento. Não se trai por um corpo, por uma atracção, a traição acontece para tapar valas dentro dos próprios traidores.

Escrevo assim porque posso. Porque serei com certeza falível em muitas coisas mas não em uma coisa tão bem resolvida em mim, como é a carência afectiva. O bastar-me é das maiores alegrias da minha vida, uma sensação clara que sei estar junto de pessoas, consigo fazer as pessoas felizes, pô-las a sorrir! Há imensa gente que não se dá ao trabalho de fazer os outros sorrir e depois acham que tem de ser mimados só porque sim! Mas apesar disso também sou feliz e completa na minha solidão porque percebi que ninguém nos pode completar, no máximo as pessoas complementam-nos, ser pleno depende só de ti. Da disposição e intenção no processo importantíssimo que é o amor-próprio. O ser realmente feliz sem depender de nada nem de ninguém.

Ninguém aqui está a dizer para serem uns arrogantes ou se acharem a ultima bolacha do pacote, essa não é de longe nem de perto a chave da sintonia. A chave talvez seja saber que sou um ser imperfeito, que as minhas ambições estão controladas na medida em que o pouco que me acho me basta para ser feliz. A minha felicidade depende também do bem-estar daqueles que amo, mas não depende da atenção que os outros me dão, porque aprendi a ser feliz comigo e isso permite-me encerrar as minhas carências no que se sou e não em esperar que os outros façam isso por mim. Ninguém tem a obrigação de me fazer feliz, essa obrigação é minha. Aliás, é a minha obrigação mais importante. A única expectativa que coloco é nos meus actos, é desses que devo esperar sempre o melhor. Colocar todas expectativas em alguém é mesmo que jogar todo o dinheiro na lotaria.

“Come chocolates, pequena;
Come chocolate! ·Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.”


Comam chocolates. Mas não entreguem na mão de outros uma responsabilidade que é toda vossa!  Resolverem-se, amarem-se e bastarem-se!

A melhor versão de ti próprio

A melhor versão de ti próprio

Por vezes a correria do dia-a-dia ou o tempo que passa sempre demasiado rápido retira-nos eficazmente a noção de qualidade de vida. Seguem-se os dias, os meses, os anos, uns atrás dos outros e nós limitamos a existência ao “ir esperando”. Esperamos por dias melhores, pessoas melhores, vidas melhores ou esperamos apenas que acabe e tudo passe. Chamamos de sonhos aos planos que fizemos, adiamos as coisas que queríamos fazer porque isto um dia vai melhorar. Será que vai?

Culpamos a economia pelo nosso insucesso, culpamos as pessoas pela nossa falha enquanto humanos, a culpa é sempre externa aos nossos poderes. Arranjamos coragem para sair de casa sempre com um sorriso quando no fundo temos um combate dentro de nós. Seguimos tendências e andamos em manada para não levantar muitas dúvidas acerca do que somos. Afinal nós somos tão normais. Vivemos aborrecidos com as decisões que tomamos e nem sempre aproveitamos as oportunidades porque dá tanto trabalho fazer bem feito. Não gostamos muito de ver os nossos semelhantes felizes, principalmente felizes como nós não somos, não admitimos as diferenças e somos capazes de apontar os defeitos de toda a gente, afinal nós não os temos. Criticamos, invejamos, minamos a vida dos outros porque isso é dos maiores prazeres da nossa vida tão pouco significante?

Encontramos o caminho para a lua mas não conseguimos encontrar o caminho para o bem-estar, aqui na terra. Será pedir muito? Bem-estar. Se cada um de nós aplicasse em si próprio o que exige das pessoas que o rodeiam, talvez conseguíssemos ter uma sociedade mais capaz e uma sociedade mais feliz também.

Por tudo isto e mais algumas coisas… ganhemos vergonha na cara! Se não somos exemplos não podemos inventar regras, temos uma única vida para cuidar e muitas vezes nem dessa que é nossa, damos conta. Somos humanos e obviamente que teremos sempre defeitos, mas é possível melhorar, é possível fazer melhor da próxima vez, é um dever teu seres a melhor versão de ti próprio. Ser melhor não só pelos outros, mas principalmente por ti. Para que não sejas eternamente um parasita. Porque é isso que és.

Todos os dias contam, o passado não volta e não sabes se terás um futuro, por isso é importante começar agora. Começa por te encontrar, por te conhecer e por te amar. Pessoas que se amam têm muito menos tendência a fazer mal aos outros. Encontra também uma personalidade, faz falta! Cria um estilo de vida próprio que te faça sentir bem porque aquele que tentas copiar não é o teu, muda as coisas até que elas façam sentido. É assim que se encontra a serenidade necessária para ser auto-suficiente e consequentemente estar de bem com a vida.

Afasta-te das pessoas que não te fazem bem, aquele tipo de pessoas que só quando te vêm mal é que conquistam a sua alegria? Foda-se esses “amigos”. Ninguém é obrigado a conviver com ninguém. Se determinada pessoa não te acrescenta em nada, tudo bem, deixa para lá. Temos que respeitar os nossos semelhantes mas não temos que gostar de toda a gente. Digam não à hipocrisia.

Não critiquem sem estar por dentro da situação. A maioria das pessoas gosta de fazer juízos sobre tanta coisa que não faz a mínima ideia do que se trata. Podes criticar determinada situação quando presenciaste toda a cena, quando sabes todas as condições, tudo o que se disse e fez. Não podes dar opinião de algo que não sabes! Como podes julgar alguém pelo que vês, se tu próprio também és imperfeito? Um dia também vais cometer erros ou fazer algo menos bem feito e muito provavelmente vais ter todos os dedos apontados porque ninguém se esqueceu do filho da puta que sempre foste.

A sociedade, dos nossos dias, trabalha duro para ter a aparência perfeita e a vida aparentemente perfeita e esqueceu-se que a parte de dentro também tem que ser aperfeiçoada. As nossas atitudes, a forma de pensar, de encarar a vida, de como lidamos com os problemas e frustrações, a forma como nos damos aos outros, como entramos e saímos da vida de alguém, até a maneira como nos deixámos lixar pode ser melhor se te conheceres e conheceres os teus limites.

É o meu desafio para ti, é um desafio para mim também: Vamos viver tentando ser sempre a melhor versão de nós mesmos. Vamos ser humildes, originais, únicos, bondosos. Vamos deixar de ser cúmplices ou reféns de pessoas incapazes, vira a mesa se for preciso mas não fiques ao lado de quem não merece a tua companhia ou o teu tempo. Acredito que esta seja a única forma de melhorar o mundo onde vivemos, cada um a fazer a sua pequena parte.






                                                                                                                                                                                            



quinta-feira, 4 de junho de 2015

Um estado de Alma

Um estado de alma   
        
Sou feita de pequenas revoltas, não posso escondê-lo. Chamo-lhe pequenas porque essas mesmas manchas negras já foram crateras gigantes na resolução de mim própria. Hoje não é assim, a maturidade encerra em si uma calma particular que atenua as erupções. Atenua mas não as extingue, nem eu quero que extinga porque no dia em que os meus tumultos desaparecerem não será a mesma pessoa a existir. Já não serei eu. No entanto aprendi que as feridas e injustiças da tua vida não são desculpa para te tornares uma pessoa amarga, revoltada ou insegura, são lições que te devem tornar num ser mais desperto e consequentemente mais forte. Forte em amor, compreensão, vontade de viver, capacidade de superar e de deixar ir sem fazer birra.

À medida que avançamos no tempo e o vamos esgotando, entram, saem, passam ou permanecem pessoas na nossa vida. Essas pessoas darão um contributo importante na felicidade ou infelicidade que virás a sentir. Não te vou mentir…há pessoas muito cruéis. As piores são as dissimuladas, as que têm uma necessidade de inferiorizar alguém para se sentirem gente, aquele tipo de pessoas que não estão bem resolvidas consigo próprias mas acham que estão, aquele tipo de pessoas sem personalidade que precisam acabar com o teu dia só para alimentar o seu ego.

Vivemos num tempo em que pessoas competem sabe-se lá porquê. Todos queremos ser os melhores, os mais ricos e os mais lindos. Esquecemos-nos que a beleza e a grandeza do ser humano, não se rege apenas por esses parâmetros e que reside exactamente na nossa singularidade e simplicidade. Ninguém consegue ser carismático utilizando o caminho de outra pessoa, ninguém é uma boa pessoa se não consegue colocar para funcionar uma capacidade suprema: a humildade. Só se consegue ser feliz quando se vive em paz com o que se é, por isso é que é tão importante aceitares-te tal como és. Não tem problema nenhum seres apenas tu. Que raio de ideia é que as pessoas têm na cabeça que para se ser bom tem de ser melhor que alguém? Para se ser bom tem de se ser acima de tudo genuíno. É a autenticidade que cativa. O problema das pessoas de hoje é que vivem constantemente preocupadas com o que outro tem, com o que o outro faz. Tentam imitar padrões de vida sem perceber se isso é o que realmente o vai realizar, obviamente nem sempre corre bem.

Vivemos num tempo em que as pessoas dão alguma coisa já à espera de receber algo em troca, em que se fazem bondades para se mostrar aos outros que se é solidário e não porque se é autênticamente generoso. Vivemos num tempo em que as pessoas vivem de aparências. Engraçado como existem tantas pessoas que têm a vida perfeita, o casamento perfeito, a casa perfeita mas na realidade só encontram a satisfação fora disso, engraçado como o membro do casal que descobre ser traído desvaloriza automaticamente a sua própria culpa e a do parceiro que lhe deve respeito e a põe totalmente num terceiro elemento. Porque o importante é manter a fachada, a qualquer custo. Porque isso é bastante mais fácil do que admitir que estás com alguém que não te respeita e dificilmente de ama.

Vivemos num tempo onde as pessoas têm o órgão sexual no cérebro. Nada contra sexo… Até gosto e obviamente que a vida sexual é uma parte importante da vida de qualquer pessoa. Mas há mesmo necessidade de fazer disso a única coisa interessante ao cimo da terra? Uns livros e filmes de submissão sexual despertam assim tanto alvoroço porquê? Teremos uma sociedade mal fodida? Às vezes parece que sim… é que ver pornografia é feio, fica mal dizer, agora filmes da moda que invocam a pura satisfação masculina já parece muito bem.

Vivemos num tempo de egoísmo em que a maior parte das pessoas não consegue tirar os olhos do seu próprio umbigo e perceber que ninguém é mais especial que ninguém. Os homens inchados de orgulhos estúpidos porque enganam mulheres ou pensam que enganam, mulheres cheias de si porque são perfeitas ou acham que são. Amor-próprio dependente de aprovação, manias utópicas de que controlam tudo. Homens que se acham engraçados e não têm piada nenhuma, mulheres profundamente carentes que não sabem viver consigo próprias e que se por acaso há um dia em que não são notadas o mundo vem a baixo, mulheres que não têm a atenção que gostariam em casa e que por isso a procuram em tudo o que mexe. Mas atenção são estas as mulheres sérias da sociedade porque as outras, as que não precisam de homem para se sentir gente, são as putas, as cabras com manias de independência que só existem para virar a cabeça de homens, (muito) “honrados”! Tem muita lógica!

Não, eu não vim de Marte, sou de cá e também tenho MUITOS defeitos. Porém e sem falsas modéstia, aprendi que nada me pertence, nada é garantido. Já fui trocada por outra mulher e não virei uma deficiente de nariz empinado por isso, não saí por aí desesperada à procura de alguém porque estar sozinha é mau. Não, estar sozinha talvez seja uma opção válida num mundo de loucos em que são muito poucos os que tem capacidade de estar com alguém. Não imito a maneira de ser de ninguém porque na realidade amo a minha. Amo-me da cabeça aos pés, de dentro para fora e aceito que sou totalmente imperfeita. Chamem-me retardada que eu não me importo, mas não acho normal a maneira como se entrega o corpo às primeiras necessidades físicas. Acredito que as pessoas só podem tocar no teu corpo se antes conseguirem tocar na tua alma. Acreditem é possível viver sem sexo, não morremos. Não acho normal que as pessoas não consigam estender a mão de vez em quando sem qualquer intenção, “Eu ajudo-te porque tu precisas e só isso”, custa assim tanto? É assim tão difícil praticar a amizade desinteressada, o apoio e às vezes fazer sacrifícios em prol de alguém?

Tentem fazer melhor, ser melhor, encontrar um equilíbrio. Encontrar uma paz que vos permita fazer o bem. Sozinho ou acompanhado, rico ou pobre, bonito ou menos bonito, mais realizado ou nem tanto, se estão mal mudem-se mas não façam por deixar ninguém para trás, a vida não é uma competição e tu não vales assim tanto, nem eu, nem ninguém. Somos todos iguais, feitos desta matéria falível e imperfeita que pode ser aperfeiçoada se tu quiseres. Rebentem com o ego, deixem esse pedestal e venham ver o mundo real, aproximem-se de quem precisa, conquistem a humildade. Sintam o prazer de ser único e simples. Não interessa o que a sociedade quer ou exige de ti… a vida é tua e tu tens de a viver como queres. Digam não às regras dos perfeitinhos quem não partem um prato e no final de contas são capazes das maiores atrocidades. Ignorem as pessoas que se acham um máximo e no fundo são apenas ridículas, ignorem o que não vale a pena. Amem verdadeiramente as pessoas, entreguem-se de verdade a qualquer coisa, dá o teu melhor. É preciso dar o melhor, é preciso mais amor genuíno, é preciso praticar a positividade. A vida retribui tudo o que tu lhe dás! Acredita.

Para quê este discurso todo poético? Somos todos uns heróis. Heróis de coisa nenhuma. Heróis da ilusão de ser felizes. Vivemos um tempo trocado onde muitos daqueles que se fazem valentes são na realidade os maiores cobardes da história. O maior problema disso é que a continuarmos o percurso dessa forma, o vilão do filme… não morre no Fim.





 IR 2015

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Formas de viver teatrais


Formas de viver teatrais

Alguma coisa acontece no meu mundo particular quando tocas em mim, alguma coisa muda quando o teu olhar se cruza com o meu. Quando digo que te amo, não acredito que seja para sempre, embora eu gostasse que fosse, não acredito que seja infinito porque não vivo a minha vida apegada a formas teatrais de existir, vivo-a apenas pelo que sinto. O que eu sinto é que neste exacto momento o amor é autêntico. Quero-te com todo o coração.

Penso que esta é a maneira mais justa de te amar, é a real, de nada adianta fazer disto uma peça de teatro com final feliz, se nenhum de nós sabe o que vai ser o futuro. Não te posso prometer uma eternidade… posso prometer-me a ti com toda a sinceridade e amor. E é só.

Vivemos um tempo estranho em que as pessoas se comprometem para enganar uns aos outros, tempo esse onde são encenadas vidas perfeitas, amores-perfeitos e caminhos sem erros. Esta puta desta vida não é teatro e eu tudo farei para não entrar nesta sequência de actos mal explicados, representações de fraca qualidade e um público que aplaude o nada.

Porque encontrar alguém que “ queira partilhar o sonho e as responsabilidades” não é certamente a mesma coisa que encontrar alguém que nos encha a cama e cumpra o papel. Mesmo que o faça bem. A culpa dos desamores e das traições não é totalmente de quem falha mas sim de quem vê falhar e nada faz, porque manter uma má peça em cena dá muito menos trabalho e dor do que escrever uma nova.

Nada disto exibe o que gostava de ser. Nada disto é amor. Não é isto que eu quero viver contigo. Promete-me que vamos fazer diferente…

Promete-me ser real na aridez dos dias comuns. E é só.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Para dizer que te amo


Tenho a certeza que enquanto escrevo isto deves andar com mil coisas na cabeça, como sempre. Estarás provavelmente preenchido com todos os sonhos que cruzas, tu sempre acreditaste neles. Era das características que eu mais amava em ti, sempre o mais autêntico.

Enquanto escrevo isto tento imaginar como será a tua nova vida, imaginá-la sem mim. No meio dos meus pensamentos nunca deixo de lamentar como fomos tão próximos e como de repente somos estranhos um ao outro, nunca deixo de sentir falta que me digas que vai ficar tudo bem.

Nem todas as relações que terminam deixam saudade, existem pessoas que embora nos façam sofrer sobretudo pelo hábito que tínhamos de estar junto, pouco tempo depois… não deixam saudade. Em pouco tempo não nos lembramos mais do cheiro da pessoa, das conversas que tivemos ou do toque de alguém que nunca nos marcou. Talvez a diferença entre os grandes amores e as pequenas coisas resida na lembrança que deixa, quando acaba.

Existe aquela pessoa que nós nunca esquecemos. Aquela pessoa que ao longo do tempo podemos ser obrigados a guardar, conservar como a melhor lembrança de todas e que temos plena consciência que ninguém, por melhor que seja, poderá ocupar um lugar que já está ocupado. Esse é o teu lugar.

Quando as coisas são assim qualquer mágoa é superada pelo desejo infinito de ver esse amor irrepetível feliz. O verdadeiro amor deixa-nos livres… livres de egoísmos. Por mais que determinada pessoa seja o nosso mundo, amar é aceitar que não somos mais o mundo de alguém e sofrer por isso, claro.

Enquanto escrevo isto sinto a tua falta e sei que vai ser assim para sempre. Não acredito em exaltações fulminantes que acabam por se desvanecer na presença triste de uma nova atracção, acredito em empatia, amizade crescente que não sufoca e se transforma no que tu e eu fomos.

Nós fomos. Nesse momento eu soube que eras infindo em mim.


P.s. Até logo meu amor, não arranjei melhor forma de dizer que te amo.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Peço desculpa sociedade


Peço desculpa sociedade

Acho cada vez mais que nós nunca encerramos tudo, há coisas que ficam para sempre a moer dentro de nós. Não adianta o quanto grites, chores ou ralhes com a vida, haverá alturas em que esse mar acalma mas nunca deixa de ser um oceano de rebeldia. A sensação que temos é a de que ficamos no meio da estrada, uma estrada que tínhamos desenhado meticulosamente na nossa cabeça. Pena, a vida não tem mapa…

Nestes anos que passaram provavelmente a maior parte dos teus amigos “deu um rumo à vida”, como diria a minha mãe. Muitos estão casados ou a viver juntos com alguém que namoraram a vida toda, ou não, têm as suas casas com aquela decoração apropriada de vida adulta, alguns até já têm filhos e são felizes ou outros nem tanto. A maior parte deles mudou as suas prioridades e agora parece que não percebes as conversas que eles têm, quando ainda têm algum tempo para as ter.

Nas festas de Natal ou quando já não vês alguém há muito tempo, a pergunta é sempre a mesma, as pessoas já quase nem precisam falar porque tu sabes que te vão fazer a questão: “Mas olha lá quando é que casas?”, “Não está na hora de ter filhos?”. Mais uma vez falamos de uma sociedade profundamente estereotipada, em que quem sai fora da regra, torna-se marginal. Uma sociedade profundamente ligada às tradições que não consegue fazer uma boa gestão da ideia que nem tem toda a gente pode ou consegue seguir o conceito de namoro, trabalho, casamento, casa, filhos... Mas com certeza não somos nós que somos uma cambada de anormais e os outros são os preferidos e perfeitos da sociedade. Isso não funciona assim. Este estigma é perfeitamente comparável com o preconceito com homossexuais, porque não haveríamos de ser encaixáveis se na realidade somos todos feitos das mesmas coisas?

A libertação do sexo feminino e sua consequente emancipação, leva que as mulheres das últimas gerações não precisem de ser sustentadas, não precisem de um homem presente na sua vida. Sem hipocrisias, mas quando tu percebes que a vida vai andando e tu vives bem com a solidão, quando tens as tuas coisas e na realidade até gostas de estar sozinha, tu não consegues ceder um milímetro na relação com outra pessoa. Uma relação sem cedências é uma relação condenada. O pensamento “ porta da rua é serventia da casa” é normal quando tu percebes que não queres aturar as coisas que a outra pessoa tem e pior que isso não precisas de aturar. Se isto tem um pouco de egoísmo? Claro que sim, algumas mulheres passaram a não precisar de nenhum tipo de protecção e isso fez com que se criassem novas formas para tudo (filhos, prazer, auto-estima) sem que necessariamente tivessem que ser casadas. Para além disso, tudo isto também leva a que se perca um pouco de compreensão em todas as coisas, ninguém está para perdoar deslizes, ninguém admite uma discussão mais acesa porque ninguém precisa de ninguém.

Esta é a teoria, agora querem uma resposta sincera? As pessoas não são todas iguais. Há dias maus na vida dos solteiros como há na vida dos casais. Nem sempre é fácil ser só, gerir a vida inteiramente sozinho e viver sem qualquer amparo. Mas é uma opção ou outras vezes não é, aconteceu. Pessoas mais inseguras ou carentes dificilmente se iriam aguentar a viver sem apoio, sem afectividade, sem sexo também (se bem que isso hoje em dia é uma questão meramente opcional). Mas embora seja perceptível ou não, comum ou não, existem pessoas que conseguem e gostam de viver assim, existem pessoas que não querem ser pais ou ter uma família pelo menos aos vinte e tantos. 

Por último querem a minha resposta? O formato casal é a forma mais confortável de existir, é assim que a história nos ensina a ser, é assim que a moda dita e é também assim que qualquer pessoa se imagina, antes de crescer. Crescer e perceber que isto não é igual para todos. Peço desculpa sociedade, se não tive oportunidade de me encaixar em ninguém. Nem tem todos temos essa sorte ou em alguns casos esse azar. Vivi o tempo suficiente para entender que o mais comum não são relações com base no respeito e no amor, o mais comum nos nossos dias são relações baseadas na aparência, falsa estabilidade e no “eu sei que ele é mau, mas é melhor do que estar sozinha”.

Peço desculpa sociedade por fazer parte desse grupo de ovelhas negras, pessoas estranhas que ninguém percebe e que devem ser ruins de aturar porque ninguém as quer. Peço desculpa sociedade por ainda não ter alterado o meu estado civil, peço desculpa por defender algo que a maioria se esqueceu o que é. Peço desculpa sociedade. Estou e continuarei assim justamente porque acredito no amor e não tenho vergonha nenhuma de o escrever.